Estresse no Fim de Ano

Ao ler o título da matéria é inevitável o seguinte questionamento: por que estresse só no final de ano? O estresse não seria o ano todo? Certamente! Principalmente nos grandes centros urbanos. Fatores como carga excessiva de trabalho, trânsito, violência, relações interpessoais conflituosas, falta de tempo, falta de dinheiro, apenas para citar alguns dos muitos agentes estressores, podem facilmente gerar um excesso de tensão em nossas vidas. 

Porém, nas últimas semanas do ano a situação se agrava ainda mais… Parece que “dá à louca” na maioria das pessoas que passam a querer resolver tudo até a virada do ano. Absolutamente tudo passa a ser urgente. É o chamado “estresse por antecipação”. Podemos denominar popularmente esse comportamento de “dezembrite”. O pior é que nos tempos de hoje a “dezembrite” não se restringe ao último mês do ano. Percebe-se um aumento da ansiedade e um clima de “fim de ano” já no início do mês de outubro, quando não em meados de setembro. Haja vista que as propagandas de Natal e vendas de produtos natalinos têm começado cada vez mais cedo, não é mesmo?

Pesquisas recentes indicam que mais de 80% da população brasileira tem seu nível de estresse individual consideravelmente aumentado nessa época do ano. Qual seria a razão? Vejamos alguns dos fatores que podem contribuir para agravar ainda mais o estresse nessa época específica do ano:

– Sobrecarga de trabalho – com o fechamento do ano aumenta ainda mais a pressão e o volume de trabalho, ansiedade em relação ao cumprimento de metas e planejamento para o próximo ano;

– Sobrecarga de tarefas – acúmulo simultâneo de atividades pessoais, sociais e profissionais faz com que a agenda fique ainda mais apertada, se é que isso é possível;

– Calor excessivo do verão faz com que muita gente passe mal;

– Excesso trânsito que costuma ser ainda mais caótico nesse período do ano;

– Compras – geralmente feitas de última hora, geram filas, tumultos, preços mais elevados e escassez de produtos;

-Gastos mais elevados do que o planejado;

– Angústia pelos gastos excessivos e perspectiva da entrada de um novo ano já com dívidas e com as “famosas” obrigações dos primeiros meses do ano (IPVA, IPTU, material escolar, entre outras tantas);

– Férias – mudança de rotina (nem todo mundo gosta), viagens, filas e aumento dos gastos;

– Férias escolares – há muita gente que literalmente não sabe o que fazer com os filhos durante o período de férias;

– Exagero no consumo de comidas e de bebidas;

– Festas – não é todo mundo que gosta ou que se sente à vontade para comemorar; pelo contrário, há quem se sinta deprimido com a chegada do final do ano;

– Ansiedade pela “obrigação” social de se sentir bem nessa época do ano;

– “Enxurrada” de emoções (positivas e negativas);

– Expectativas frustradas sobre festas, viagens, presentes, parentes, etc.

Aqui vai um lembrete importante. A forma pessoal como cada um de nós administra a pressão e os desafios do dia a dia é que vai determinar nosso grau de estresse. Nem todo mundo fica estressado com o quadro descrito acima. Pelo contrário, tem gente que gosta desse clima de fim de ano. Nesse caso, ao invés do estresse, há uma elevação da motivação e da disposição de ânimo.

Caso você faça parte do grupo de pessoas que sofrem as consequências negativas do estresse, em qualquer época do ano que seja, é fundamental que você saiba como identificar seus sintomas mais frequentes. Pois, quanto mais precoce o diagnóstico, melhor o prognóstico. Ou seja, quanto antes você perceber que está estressado e buscar por ajuda, tanto quanto melhor!

Quais seriam os sintomas mais comuns do estresse?

– Sintomas físicos: cansaço físico e/ou mental; baixa da resistência, deixando a pessoa mais suscetível a infecções; dores de cabeça; tonturas; alterações no padrão de sono; alterações gastrointestinais; elevação da pressão arterial; afecções cutâneas (psoríase, queda de cabelo, vitiligo);

– Sintomas emocionais: perda de memória, distração e dificuldade de concentração; alterações de humor; depressão; irritação; agressividade; falha no julgamento e na percepção; perda da motivação e da capacidade de sentir prazer; diminuição da autoconfiança e da autoestima; crises de ansiedade, angústia e sofrimento por antecipação;

– Sintomas comportamentais: perda de produtividade; diminuição do rendimento no trabalho e nos estudos; erros constantes; atraso de tarefas; perda de prazos; absenteísmo (faltas no trabalho); usar o tempo que seria dedicado ao lazer para colocar o serviço “em dia”; uso abusivo de drogas para aliviar a tensão acumulada, principalmente álcool e tabaco; isolamento social.

Enfim, agora que você pôde avaliar melhor o grau do seu estresse, vejamos algumas dicas práticas de como combatê-lo, principalmente, nesse período de grande agitação que é o fim de ano.

– A solução mais definitiva e mais óbvia a ser viabilizada, porém a mais difícil em termos práticos é adotar uma nova atitude diante da vida e mudar alguns hábitos (atividade física, descanso, alimentação saudável, lazer, sentimento de gratidão, prazer em viver);

– Aproveite o verdadeiro espírito de NATAL e aprimore também sua saúde espiritual: fé e esperança são requisitos indispensáveis para se viver melhor e enfrentar as adversidades do dia a dia;

– Não entre na onda da “dezembrite”; você não precisa resolver absolutamente tudo até o fim do ano; só o fato de “virar” o ano no calendário não muda nada;

– Aceite seus limites e seja honesto com seus sentimentos; 

– Planeje com antecedência tudo o que você puder: compras, férias, viagens, festas, metas profissionais, etc;

– Tente administrar sua ansiedade, isso evita que você sofra de “estresse por antecipação”;

– Defina com clareza em sua vida o que é prioridade e o que é urgente para não se tornar um refém constante das circunstâncias externas  – prioridade é aquilo que é mais importante de acordo com uma escala de valores; urgência, geralmente, é algo prioritário que você deixou de fazer.

Tenha um excelente final de ano e um ano novo repleto de prosperidade! E, de preferência, sem tanto estresse…

 

Augusto Goldoni – psicanalista, psicoterapeuta, consultor e escritor.

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