Crônica sobre a vida da mulher moderna e seus diversos papéis
Pare por um instante tudo que está fazendo. Foque sua atenção nesta figura fascinante e intrigante chamada mulher. Olhe para a rotina de qualquer mulher dos tempos modernos e o que você verá, com raras exceções, é a seguinte cena: um ser incansável e atribulado correndo de um lado para o outro, geralmente de salto alto, tentando se equilibrar na corda bamba da vida e no próprio salto é lógico.
Caminhar hoje sob a linha sinuosa da vida é deveras complexo para todos sem distinção. E para a mulher, sem dúvida, essa tarefa é mais complexa ainda! Explico, pois, o porquê.
Porque o mundo espera da mulher o que espera de uma exímia equilibrista. Espera que ela consiga equilibrar com maestria os diversos papéis que exerce de forma simultânea – ser mãe, ser filha, ser irmã, ser profissional, ser dona de casa, ser estudante, ser chefe, ser subordinada, entre tantos outros que poderíamos enumerar. Se a partir da revolução industrial até a algumas décadas falava-se em “dupla jornada” de trabalho, hoje ela é no mínimo, tripla! Ou seja, você polivalente mulher moderna, em algum momento da sua vida já viveu (ou viverá…) este exaustivo trinômio casa/trabalho/estudo.
Porque o mundo espera da mulher o que espera de um super-herói. Exige dela que seja incansável e que tenha força inesgotável para cumprir suas múltiplas tarefas (de preferência de bom humor e impecavelmente bela). Nas estrelinhas, parece não haver espaço para a mulher que falha, para a mulher que chora, que quer colo, que quer não ter que decidir sempre… Parece não haver espaço para a mulher que muitas vezes não sabe o que quer, não sabe o que fazer.
Porque o mundo espera da mulher o que espera de um deus: a perfeição. Nada mais do que a perfeição!
Porque o mundo espera tudo isso da mulher desde seu nascimento. Parece que mulher já nasce mais bela, mais enfeitada, mais especial! E assim passará por sua infância, adolescência, jovialidade, maturidade e terceira idade.
Só mesmo tu, oh mulher!! Digo em tom sincero de admiração.
Isso é o que o mundo espera da mulher. Ela bem o sabe…
Contudo, pergunto. O que você homem espera da mulher? O que você mulher espera da mulher? O que você mulher espera de você mesma?
Deixe o mundo esperar… Acorde para a vida real, mulher! Você também tem seus limites. Sim, até mesmo você que é feita mais de alma e coração do que de carne e osso.
Você pode não ser a mulher maravilha; mas você pode ser uma mulher maravilhosa!
Você pode não ter a perfeição, a onisciência e a onipotência divina, mas a você foi concedido o dom divino da criação!
Retomando o início do texto para fitar as mulheres que correm de um lado para o outro com um sentimento misto de admiração e pena só nos cabe, como homens, chegar à mesma conclusão a que chegou Oscar Wilde:
“As mulheres existem para que as amemos e não para que compreendamos”.
Augusto Goldoni – psicanalista, psicoterapeuta, consultor e escritor.